Com a aproximação do inverno, o Brasil já observa um crescimento preocupante nos casos de doenças respiratórias entre a população mais velha. Segundo dados recentes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a influenza A se tornou a principal causa de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) em idosos, ultraando os registros de óbitos por covid-19. 5k18x
Os vírus Sincicial Respiratório (VSR) e Influenza, considerados altamente contagiosos, são particularmente perigosos para pessoas com mais de 60 anos, especialmente aquelas que convivem com doenças crônicas.
Número de hospitalizações e impacto na saúde
Até o início de maio, o país contabilizou 24.571 internações por SRAG, sendo 50% atribuídas ao VSR nas últimas quatro semanas. Além disso, 11% dos óbitos registrados foram consequência direta desse agente infeccioso, conforme o Boletim Epidemiológico InfoGripe.
O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Alberto Chebabo, explica por que os idosos apresentam maior vulnerabilidade diante dessas infecções:
“Com o avanço da idade, o sistema imunológico se torna menos eficaz no combate a infecções. Essa diminuição da capacidade de defesa faz com que os idosos sejam mais suscetíveis a quadros graves de doenças respiratórias, como as causadas pelo Vírus Sincicial Respiratório, que, tradicionalmente, afeta mais bebês e crianças”.
Comorbidades elevam o risco de complicações
Grande parte dos idosos convive com doenças crônicas, como cardiopatias, diabetes, insuficiência renal, asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Essas condições preexistentes aumentam significativamente o risco de descompensações cardíacas e hospitalizações prolongadas, caso sejam infectados por vírus respiratórios.
“Os sintomas do VSR em idosos, muitas vezes confundidos com um resfriado comum, podem evoluir rapidamente para quadros graves, e, em situações extremas, podem levar à morte”, alerta Chebabo.
Um estudo conduzido pela Fiocruz revela que a taxa de letalidade do VSR entre idosos no Brasil atingiu 26% entre 2013 e 2023, número 20 vezes maior do que o registrado em crianças. Além disso, indivíduos com insuficiência cardíaca têm 33 vezes mais chances de serem hospitalizados devido à infecção viral.
Mesmo após a alta hospitalar, muitos idosos relatam perda de autonomia em tarefas cotidianas, evidenciando os efeitos duradouros dessas infecções sobre a qualidade de vida.
Vacinação e medidas preventivas
Para reduzir os impactos das infecções respiratórias durante o período mais frio, a vacinação continua sendo um dos recursos mais eficazes para proteger a população idosa.
“Além da imunização, medidas preventivas que já aprendemos durante a pandemia são fundamentais: lavar as mãos frequentemente, usar máscara caso apresente sintomas gripais, manter os ambientes arejados, evitar aglomerações e o contato com pessoas doentes”, reforça Chebabo.