Duas semanas após ser condenada a 10 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) anunciou sua saída do Brasil. Em entrevista ao canal AuriVerde, no YouTube, nesta terça-feira (3), ela revelou estar morando na Europa, mas evitou especificar o país em que se encontra. 1s6v49
Ao justificar sua decisão, mencionou possuir cidadania italiana, o que impediria sua extradição para o Brasil.
“Estou fora do Brasil já faz alguns dias. A princípio, vim em busca de um tratamento médico que eu já fazia aqui”, declarou Zambelli, acrescentando que solicitará afastamento sem vencimentos do cargo. Seu suplente, Coronel Tadeu (PL-SP), assumirá a vaga na Câmara dos Deputados.
Condenação e processos no STF
O julgamento que resultou na condenação de Zambelli aconteceu no dia 14 de maio, quando a Primeira Turma do STF decidiu, por unanimidade, pela pena de 10 anos de prisão. A deputada foi responsabilizada por invadir o sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com a ajuda do hacker Walter Delgatti, condenado a 8 anos e 3 meses de prisão pelo mesmo caso.
Além da pena de prisão, a parlamentar também poderá perder o mandato parlamentar, caso os recursos sejam esgotados. Se a decisão for mantida, tanto ela quanto Delgatti terão que pagar R$ 2 milhões em danos morais coletivos.
Zambelli ainda responde a outro processo no STF, que trata de um episódio ocorrido antes do segundo turno das eleições de 2022. Na ocasião, ela sacou uma arma de fogo e, acompanhada por seguranças e assessores, perseguiu o jornalista Luan Araújo, alegando que ele teria sido misógino em uma abordagem.
Mudança para a Europa e posicionamento político
Na entrevista, a deputada afirmou que sua decisão de deixar o Brasil foi motivada, em parte, pela condenação recente.
“Eu poderia ir para a prisão, esperar um tempo e continuar no meu país. Mas que Justiça é essa que prende a Débora por 14 anos e quer me prender por 15 anos?”, disse, comparando seu caso à condenação da cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, envolvida nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Assim como Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Zambelli afirmou que pretende seguir denunciando supostas irregularidades no Brasil a partir do exterior.
“Gostaria de deixar bem claro que não estou abandonando o país, nem desistindo da minha luta. Muito pelo contrário: estou resistindo. Quero continuar falando o que penso e voltarei a ser a Carla que eu era antes das amarras desta ditadura”.
No dia 26 de maio, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou a abertura de um inquérito contra Eduardo Bolsonaro para investigar coação e obstrução de investigação. A apuração, solicitada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, visa esclarecer se o deputado incitou o governo dos Estados Unidos a adotar medidas contra Moraes.
Redes sociais e críticas ao sistema eleitoral
Na entrevista, Zambelli expressou preocupação com o possível bloqueio de suas redes sociais, afirmando que sua mãe assumirá o controle de suas plataformas.
“São mais de 10 milhões de pessoas conectadas comigo todos os dias. Peço que continuem seguindo minha mãe, porque vou continuar denunciando os desmandos que acontecem no Brasil”.
Sem apresentar provas, a parlamentar voltou a questionar a confiabilidade das urnas eletrônicas e dos institutos de pesquisa eleitorais, alegando manipulação.
“Não dá para acreditar em pesquisas no nosso país. Elas são manipuladas. E não dá para confiarmos nas urnas eletrônicas. Aqui fora, posso falar abertamente: sem voto impresso e contagem pública, não teremos democracia”.
Zambelli também fez críticas diretas a ministros do STF, alegando perseguição judicial.