Azul corta voo direto entre Campo Grande e Cuiabá e complica logística no Centro-Oeste 3m1c46

Azul corta voo direto entre Campo Grande e Cuiabá
  • Autor do post:
  • Post publicado:5 de junho de 2025

A partir de julho, os ageiros que dependem do único voo direto entre Campo Grande (MS) e Cuiabá (MT) enfrentarão uma nova realidade: a Azul Linhas Aéreas irá suspender a rota, obrigando conexões em cidades como São Paulo, Curitiba ou Brasília. A mudança foi anunciada pela companhia em meio ao processo de recuperação judicial em andamento nos Estados Unidos. 5to26

A ligação aérea, com cerca de 55 minutos de duração, deixará de existir, impactando diretamente executivos, produtores e outros profissionais que mantêm negócios entre as duas capitais, especialmente nos setores de agronegócio, energia e logística. Com a suspensão, o tempo de viagem pode triplicar, e as alternativas disponíveis incluem conexões mais longas ou meios de transporte terrestre — o que amplia os custos e o tempo perdido.

Para empresários que operam entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, a decisão é considerada um erro estratégico. A justificativa da Azul — de que a reestruturação da malha aérea visa equilíbrio entre oferta e demanda — contrasta com os dados divulgados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil): entre janeiro e abril de 2025, foram registrados 118 voos no sentido Cuiabá–Campo Grande e 119 no trajeto oposto. Em abril, último mês contabilizado, houve 39 voos em cada trecho.

Além da ligação com Cuiabá, a empresa também deixará de operar o trecho direto entre Campo Grande e Curitiba. Segundo a Azul, o serviço Campo Grande–Viracopos será mantido, garantindo o a mais de 70 destinos a partir do seu principal hub. No entanto, para os usuários, especialmente os do Centro-Oeste, a decisão é vista como retrocesso, em uma região que a por forte expansão logística e econômica.

A economia de ambos os estados, segundo o boletim Resenha Regional do Banco do Brasil, tem projeções positivas: Mato Grosso deve crescer 5,8% em 2025 e Mato Grosso do Sul, 4,7%.

Enquanto isso, o PIB nacional deve ter alta de 2,13%, segundo dados do Banco Central. Ainda assim, a única rota direta entre duas das principais capitais agrícolas do país será encerrada, em uma fase em que a demanda tende a crescer com projetos como a Rota Bioceânica.

A suspensão provocou críticas também à ausência de reação da classe política sul-mato-grossense. Empresários afirmam, sob anonimato, que se a decisão afetasse voos para Brasília, a pressão política seria imediata. A realidade, no entanto, é de inércia. O voo que parte de Campo Grande às 21h e retorna de Cuiabá às 5h obriga o ageiro a ar mais de 32 horas fora para resolver compromissos de poucas horas, o que já vinha sendo alvo de reclamações.

Diante do cenário, há expectativa de que outras companhias aproveitem a lacuna deixada. A LATAM afirmou que analisa regularmente oportunidades de expansão, mas não confirmou interesse na rota. A Gol não respondeu até o fechamento da reportagem. O Ministério de Portos e Aeroportos também não se pronunciou.

A Azul, por sua vez, alega que os cortes fazem parte do plano de reorganização financeira iniciado com a recuperação judicial solicitada nos Estados Unidos em maio de 2024, utilizando o Chapter 11 da lei de falências americana. Desde então, a empresa tem buscado renegociar dívidas, com a promessa de preservar ativos internacionais e viabilizar a sustentabilidade de suas operações. O processo, segundo especialistas, pode ser encerrado até o fim de 2025.

A companhia afirmou que os ageiros impactados serão amparados conforme determina a Resolução 400 da Anac, que garante assistência em casos de cancelamento. Contudo, não detalhou como pretende compensar os prejuízos para quem dependia da rota curta entre as capitais do agronegócio.

📸Acompanhe também o Folha MS no Instagram

arte whats2 Azul corta voo direto entre Campo Grande e Cuiabá